Fisioterapia pélvica no pós-parto: o que toda mulher deveria saber antes de voltar à vida sexual e aos treino
Flacidez, dor ou perda de urina após o parto não são normais — são sinais de que o corpo precisa de reabilitação antes de ser cobrado.
9/3/20251 min read
Flacidez abdominal, escape de urina ao espirrar, dor nas relações ou sensação de peso na pelve. Para muitas mulheres, esses sintomas se tornam rotina após o parto, mas não deveriam. De acordo com estudos da Sociedade Internacional de Continência indicam que entre 25% e 35% das mulheres podem apresentar algum grau de disfunção do assoalho pélvico após a gestação e o parto, incluindo incontinência urinária, dor pélvica ou prolapso. Ainda assim, o tema ainda é pouco abordado nos consultórios e praticamente ausente nas conversas de preparação para o puerpério.
Existe uma cobrança enorme para que a mulher volte a ser produtiva, volte a treinar, volte a ter libido. Mas o corpo precisa de tempo para se recuperar e, muitas vezes, de tratamento. A falta de cuidado somada à volta das atividades normais, como a academia ou corrida, sem avaliação do assoalho pélvico pode agravar quadros de incontinência, causar prolapsos e trazer consequências futuras para a saúde íntima.
Diretrizes internacionais, como as do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, já recomendam que toda mulher seja avaliada por um fisioterapeuta pélvico após o parto, independentemente da via de parto ou da presença de sintomas. Muitas mulheres sequer sabem que existe tratamento para o desconforto que vivem em silêncio e demoram meses para buscar ajuda, acreditando que sentir dor ou escapar xixi eram “normais” depois do parto.
O tratamento pode incluir exercícios específicos, técnicas como biofeedback, eletroestimulação funcional, terapia manual, exercícios de reabilitação pélvica e orientações posturais, comportamentais e sexuais. Tudo de forma individualizada, respeitando o corpo e o tempo da mulher.
É importante lembrar que pós-parto não é o fim do ciclo da gestação, pelo contrário, ele ainda é parte dele. A fisioterapia pélvica atua justamente nesse ponto: ela identifica, trata e previne disfunções musculares e funcionais causadas pela gestação e pelo parto, seja ele vaginal ou cesáreo. Mais do que um cuidado funcional, a reabilitação pélvica também é uma forma de reconexão com o próprio corpo.